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Morros: Paraibinha, o agente das sombras e as empresas do Transporte Escolar que já receberam quase R$ 15 milhões

Paraibinha e Paraiba prefeito de Morros

A gestão municipal de Morros, na região Metropolitana de São Luís, tem sido marcada por uma dualidade curiosa e, para alguns observadores, estratégica. De um lado, o prefeito Paraíba (PL) ganha notoriedade com vídeos públicos de cunho enérgico, muitas vezes criticando a conduta de turistas. Do outro, nos bastidores, pairam questionamentos sobre a transparência administrativa, que esses episódios midiáticos parecem, convenientemente, ofuscar – uma possível tática de “cortina de fumaça” para desviar o foco de problemas estruturais ou de possíveis irregularidades.

Por trás da cena política e dos vídeos virais, surge a figura de Paraibinha, filho do prefeito. Fontes indicam que ele estaria atuando como um “controlador contratual”, um intermediário que facilitaria a relação entre a Prefeitura e empresas contratadas “escolhidas“. Sua influência nos negócios municipais levanta sérias dúvidas sobre a ética pública e a separação entre o interesse privado e o público, especialmente considerando sua ambição política, sendo pré-candidato a prefeito em Cachoeira Grande, município vizinho.

A atuação de parentes de gestores em áreas cruciais da administração pública, ainda que em papéis informais de influência, merece rigorosa atenção por parte dos órgãos de controle, pois pode configurar um conflito de interesses ou, no mínimo, um uso indevido da proximidade familiar para obtenção de vantagens ou manipulação de processos licitatórios e contratuais.

O blog Joerdson Rodrigues obteve acesso a informações sobre um setor sensível e vital para a população de Morros: o transporte escolar. Este é um dos casos em que a suposta intermediação de Paraibinha teria ocorrido, resultando na contratação de duas empresas que, somadas, receberam um volume extraordinário de recursos que se aproxima dos R$ 15 milhões em um período de pouco mais de três anos (entre 2022 e 2025).

As empresas em questão, APX Construções e Locação e RLCM – Transporte e Locação, são as responsáveis pela locação de veículos para o serviço de transporte dos estudantes do município.

Abaixo, o detalhamento dos valores recebidos por cada empresa, conforme informações obtidas:

Empresa2022202320242025Total (R$)
APX ConstruçõesR$ 1.524.978,84R$ 2.888.794,54R$ 3.096.841,56R$ 2.223.927,79R$ 9.734.542,73
RLCM – TransporteR$ 417.186,00R$ 1.529.682,00R$ 1.757.238,00R$ 1.321.089,00R$ 5.025.195,00
Total GeralR$ 14.759.737,73

O montante geral já recebido de R$ 14.759.737,73 (quatorze milhões setecentos e cinquenta e nove mil setecentos e trinta e sete reais e setenta e três centavos) pelas duas empresas para o mesmo tipo de serviço levanta a necessidade de uma análise minuciosa por parte dos órgãos fiscalizadores, como o Tribunal de Contas do Estado e o Ministério Público, para garantir que a qualidade do serviço prestado e os valores investidos sejam compatíveis com as necessidades reais do município e que os processos de contratação tenham sido conduzidos em estrita conformidade com a Lei de Licitações.

A presença de um familiar direto do chefe do Executivo atuando como intermediário nesses contratos, conforme a fonte, reforça a urgência de uma investigação sobre a transparência e a legalidade desses vultosos pagamentos.

A história de Morros, neste momento, é a de uma gestão que se utiliza da exposição midiática para criar uma narrativa de força e combatividade, enquanto por baixo do pano de fundo, a movimentação de milhões em contratos públicos, supostamente facilitados pela influência familiar, demanda um olhar crítico e rigoroso da sociedade e das instituições de controle. É fundamental que a cortina de fumaça se dissipe para que a luz da transparência ilumine cada centavo do dinheiro público.

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