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Graves suspeitas de favorecimento marcam contratos emergenciais avaliados em R$ 3,6 milhões na gestão de Gilson Lima em Presidente Sarney

Prefeito de Presidente Sarney, Gilson Lima

A administração do prefeito Gilson Lima (União Brasil), empossado em Presidente Sarney no início de 2025, enfrenta sérias acusações de irregularidades em sua primeira grande ação: a realização de contratações emergenciais que somam R$ 3.605.128,27 (três milhões seiscentos e cinco mil cento e vinte e oito reais e vinte e sete centavos), distribuídos em apenas oito contratos com quatro empresas. Sob a justificativa de um decreto de calamidade administrativa (Decreto Municipal nº 014/2025, de 11 de fevereiro), a prefeitura suspendeu todos os contratos vigentes da gestão anterior e recorreu à dispensa de licitação e contratação direta, amparada pelo decreto Artigo 75, inciso VIII, da Lei nº 14.133/2021. No entanto, a análise detalhada dos valores e das empresas beneficiadas revela um cenário preocupante de possível favorecimento, falta de transparência e desrespeito aos princípios constitucionais da administração pública, como economia, impessoalidade e zelo com o erário.

O ponto de partida para essa polêmica é o decreto que declarou estado de emergência administrativa no município. A medida, que abriu caminho para contratações diretas, carece de evidências públicas que demonstrem a real gravidade da situação financeira e administrativas de Presidente Sarney. Advogados especialistas em gestão pública consultados pelo blog alertam que o uso de decretos de calamidade como instrumento para evitar licitações é uma prática recorrente em administrações que buscam privilegiar fornecedores específicos, contornando a obrigatoriedade de processos competitivos. Sem um diagnóstico claro ou ampla divulgação dos motivos, a legitimidade do decreto fica sob suspeita, sugerindo que pode ter servido como uma manobra para justificar gastos vultosos sem o devido controle.

O relatório elaborado pelo blog Joerdson Rodrigues sobre as contratações emergenciais expõe uma distribuição desigual de recursos, com quatro empresas concentrando a totalidade dos R$ 3,6 milhões gastos em apenas 90 dias. Abaixo, os detalhes das supostas favorecidas:

A dispensa de licitação, embora legalmente prevista, exige justificativas sólidas, publicidade e comprovação de que os preços contratados são compatíveis com o mercado. No caso de Presidente Sarney, o relatório não menciona consultas prévias a outros fornecedores ou esforços para garantir a melhor aplicação dos recursos públicos. A suspensão abrupta de todos os contratos anteriores, seguida por contratações emergenciais de curto prazo (90 dias), sugere uma falta de planejamento que contrasta com a responsabilidade esperada de uma gestão municipal. Por que a “emergência” não foi prevista ou evitada? A resposta pode estar em interesses que transcendem o bem público.

Os valores envolvidos também chamam atenção pela magnitude. Gastar R$ 1,23 milhão em combustíveis em três meses, por exemplo, exige comprovação detalhada da necessidade, algo que não foi apresentado. Da mesma forma, os R$ 1,15 milhão destinados à K do N da Silva Ltda para limpeza e iluminação pública carecem de parâmetros que justifiquem os custos, como extensão das áreas atendidas ou quantidade de materiais utilizados. Essas lacunas alimentam a suspeita de que os contratos possam ter sido inflados ou direcionados a empresas alinhadas à gestão.

O início da gestão de Gilson Lima em Presidente Sarney, marcado por essas contratações, coloca em xeque os princípios básicos da administração pública. A concentração de recursos em poucas empresas, a ausência de concorrência e a fragilidade das justificativas apontam para um possível esquema de favorecimento, que pode ter raízes políticas ou econômicas. Enquanto a população espera por serviços básicos, como saúde, educação e infraestrutura, milhões de reais são direcionados a contratos que beneficiam um grupo seleto de fornecedores, em detrimento do interesse coletivo.

Diante desse cenário, é imprescindível que o Ministério Público e o Tribunal de Contas do Estado investiguem a fundo as contratações emergenciais da prefeitura. A sociedade de Presidente Sarney merece esclarecimentos sobre o uso do dinheiro público e garantias de que a gestão priorizará a transparência e a eficiência, e não interesses privados. Se as suspeitas se confirmarem, o caso pode se tornar mais um exemplo de como o discurso da “emergência” é manipulado para encobrir práticas que lesam o patrimônio público, perpetuando um ciclo de desconfiança e prejuízo à população.

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