Um silêncio incômodo paira sobre os bairros da região da João de Deus. Uma emenda parlamentar no valor de R$ 300 mil, supostamente destinada à realização de um projeto de esporte e lazer em uma escola da área, foi aprovada e liberada — mas nada aconteceu desde então. Nenhum evento, nenhuma atividade, nenhum benefício direto à população. E agora, são as mães da comunidade que cobram respostas.
“Disseram que o dinheiro vinha pra ajudar nossas crianças com esporte, lazer, ocupação. Cadê? A gente nunca viu esse projeto sair do papel. Nosso bairro continua esquecido”, denuncia Dona Lúcia, moradora da Vila Lobão.
O nome do vereador responsável pela emenda não foi divulgado pela instituição, e o projeto, que deveria ser de acesso público, segue invisível.
Sem placas, sem anúncios, sem reuniões comunitárias, a situação gera suspeitas legítimas: a escola foi usada como fachada? O dinheiro foi realmente investido em algo? Ou estamos diante de mais um caso de verba supostamente desviada com aparência de legalidade?
Não é a primeira vez que a população de São Luís vê algo parecido. Em 2021, o Ministério Público denunciou um esquema de desvio de emendas parlamentares envolvendo documentos falsos. E em 2023, uma operação expôs quatro vereadores e dois secretários municipais acusados de desviar R$ 6 milhões, usando entidades fantasmas em nome de projetos sociais que nunca se concretizaram.
Agora, moradores da João de Deus, Vila Conceição, Santo Antônio e bairros vizinhos se perguntam:
Por que esconder o nome do vereador autor da emenda? Por que nenhuma explicação foi dada à comunidade? E por que, mesmo após a liberação de uma quantia tão alta, ninguém viu sequer uma bola rolar na quadra da escola?
As mães da comunidade exigem respostas — e não vão aceitar mais promessas vazias.
“Se não é pra ajudar a gente, não venham usar o nome da nossa escola nem da nossa comunidade pra justificar dinheiro que ninguém vê”, afirma uma mãe indignada do Residencial Canaã, que também é atendida pela instituição.
É hora de o Ministério Público, o Tribunal de Contas e a própria Câmara Municipal quebrarem o silêncio. O povo de São Luís está atento. Transparência não é favor. É obrigação.