Informações exclusivas divulgadas pelo blog do jornalista Neto Cruz na matéria entitulada “EXCLUSIVO! Documentos comprovam que homem espancado até morte em Paço do Lumiar era esquizofrênico; assassinos continuam foragidos”, escancaram uma das páginas mais cruéis e negligenciadas da história recente de Paço do Lumiar: o brutal assassinato de Jerder Pereira da Cruz, um homem negro, esquizofrênico, linchado até a morte dentro de uma igreja evangélica enquanto sofria um surto psicótico. O crime aconteceu na madrugada de 28 de outubro de 2024, e até hoje — sete meses depois — nenhum agressor foi indiciado, e nenhuma autoridade pública foi responsabilizada.
Documentos médicos obtidos pela família de Jerder desmentem qualquer tentativa de criminalizá-lo. Ele sofria de transtornos mentais diagnosticados desde 2015, com evolução clara para esquizofrenia, conforme atestado por especialistas da Clínica São Francisco de Neuropsiquiatria. Mesmo assim, o que era um pedido inconsciente de socorro foi respondido com covardia. Jerder foi espancado até a morte por frequentadores da igreja Assembleia de Deus “Restaurando Valores”, no conjunto Roseana Sarney, enquanto a Polícia Militar, acionada, se recusava a intervir.

A reportagem do blog de Neto Cruz revela ainda que o inquérito segue parado na Delegacia do Maiobão e que o Ministério Público pediu mais 90 dias de prazo. Tempo demais para quem já perdeu tudo. Tempo demais para quem exige justiça. Enquanto isso, os assassinos continuam foragidos — ou pior: protegidos pelo silêncio de instituições que deveriam zelar pela vida.
A morte de Jerder expõe as vísceras de um Estado que normaliza a violência contra os vulneráveis e se cala diante da injustiça. Não foi apenas um corpo que caiu naquela madrugada. Foi a dignidade de todos os que acreditam em direitos humanos, em justiça social, em um mundo onde a vida de um esquizofrênico pobre valha mais do que a reputação de quem carrega uma Bíblia nas mãos, mas o ódio no coração.