A interventora da Federação Maranhense de Futebol (FMF), Susan Lucena, parece estar confundindo o campo de jogo com o tribunal, ao tentar intimidar o apresentador Maxuel Bruno, do programa “Jogo Aberto” da Band Maranhão. A advogada, que está à frente da FMF por determinação judicial, acionou o comunicador com duas ações na Justiça – uma solicitando direito de resposta e outra cobrando R$ 50 mil em danos morais – após ele questionar a gestão da entidade.
A crítica do apresentador, feita ao vivo, mirou a suposta “farra das entradas livres” em um jogo do Campeonato Brasileiro Série C, entre o Maranhão Atlético Clube e o Santa Cruz. O debate no programa um convidado, a liberação de milhares de pessoas sem o devido controle de bilheteria teria causado um “prejuízo milionário” aos clubes.
Em vez de esclarecer a situação ou abrir uma apuração sobre o alegado rombo na bilheteria, a interventora optou pelo caminho da judicialização. No entanto, o que torna a atitude da advogada ainda mais espantosa é o pedido de Justiça Gratuita anexado ao processo.
Isso porque, enquanto tenta cobrar R$ 50 mil em danos morais, a interventora é servidora pública estadual, com um salário de R$ 9.387,81 na Secretaria de Estado da Mulher, lotada na Casa da Mulher. A solicitação de gratuidade judicial, feita por alguém com rendimento superior a nove mil reais, levanta sérios questionamentos sobre a coerência e a real necessidade da benesse, especialmente considerando o montante que se tenta extrair do jornalista. Sem falar que ela deve ter uma renda extra como interventora da FMF.
A manobra judicial de Susan Lucena, que deveria prezar pela moralização e transparência do futebol maranhense, soa como uma tentativa de censura e intimidação ao trabalho de imprensa. Em uma intervenção cujo objetivo principal é sanear a entidade e restaurar a credibilidade do futebol local, processar um jornalista que cobra transparência pública, ainda por cima pleiteando Justiça Gratuita com um salário de quase dez mil reais, é, no mínimo, um ato que atira contra os princípios da boa gestão e da responsabilidade.
A sociedade e os torcedores merecem saber a verdade sobre a “farra das entradas livres” e a condução da FMF. Usar o aparato judicial para tentar silenciar a crítica é um desserviço à transparência e à própria missão da intervenção.