Um áudio atribuído ao empresário Gilvan Rêgo, de Presidente Dutra, no Maranhão, revelam como funcionava o possível pagamento de compras pessoais do prefeito Fernando Pessoa com o dinheiro da Prefeitura de Tuntum. Dono de um supermercado e agropecuarista, Gilvan Rêgo divulgou áudios revelando como o seu nome apareceu na lista de funcionários que recebiam supersalários na gestão de Fernando Pessoa.
Em determinado trecho, o empresário revela que o prefeito Fernando Pessoa devia um dinheiro na empresa da sua irmã, Geania, uma metalúrgica. E que ela solicitou sua conta para receber o depósito, mas afirma que pensou que se tratava de uma transferência normal, porém o dinheiro foi pago pela Secretaria Municipal de Educação de Tuntum, em forma de salário.
“Rapaz, João Batista! Isso aí foi uma conta que ele (Fernando Pessoa) devia lá, na Geania, na metalúrgica, né? E aí Jeane me pediu minha conta para transferir um dinheiro, mas eu pensei que era uma transferência normal. Aí eles fizeram uma transferência para minha conta: duas transferências de R$ 10 mil para Jeane. Ai como ele tá sendo fiscalizado lá, viram, e quando eu percebi, a Jeane veio me perguntando pelo depósito dela. – Ei depositaram um dinheiro na sua conta? – Eu respondi, não, não vi não. – Pois procura em uma conta salário. Acho que ela ligou lá e disseram para ela perguntar na conta salário, mas eu nem sabia o que era conta salário, e quando eu olhei lá estava lá, parece que ainda não fizeram dois depósitos de R$ 10 mil na minha conta, mas o dinheiro não era para mim” disse o empresário.
O empresário afirma que após perceber que se tratava de algo errado, o mesmo pediu para que sua irmã ligasse para a prefeitura de Tuntum e pedisse para não fazer mais esse tipo de coisa.
“Olha, liga para esse povo lá, para não fazer mais isso, pois eu não quero deposite esse dinheiro na minha conta. Eu burro, pois o correto era eu ter devolvido esse dinheiro. Mas como ela estava doida para receber o dinheiro, eu deixei. Passei o dinheiro para Geania. Aí como ele tá sendo fiscalizado lá, viram esses depósitos aí, mas eu não tenho nada haver com isso aí não. Eu entrei nesse negócio de gaiato. O dinheiro era para serralheria dela, inclusive até hoje ele tá devendo mais de R$ 100 mil lá e não paga” afirmou Gilvan Rêgo.
Em outro áudio, o empresário Gilvan Rêgo afirma que o prefeito Fernando Pessoa fez a mesma manobra para com outros empresários da região.
“Isso aí, ele não fez só comigo não, fez com várias pessoas. É muita gente que tá envolvida nisso aí. Ele comprava as coisas e pagava nesse esquema aí, negócio de conta salário. O filho do Zé do Pneus, está no mesmo esquema, do mesmo jeito lá, aparece o nome dele lá. Parece que transferiu R$ 10 mil para a conta dele. Tá a foto dele do mesmo jeito da minha, a própria Geania tá lá. A mesma macacada que ele fez lá” afirmou Gilvan Rêgo.
No fim, Gilvan afirma que Fernando Pessoa estava usando o dinheiro da prefeitura para pagar as contas dele: “Pois é, ele estava usando esse esquema aí para pagar as contas dele. Pagou várias contas, desse mesmo jeito aí. E o pior que a conta nem minha não era, mas como a irmã da gente pede né. Eu achava que era uma coisa normal. Mas se me chamarem lá, eu não minto não, vou falar tudinho.” disse o empresário.
O empresário Gilvan Rêgo aparece na lista de funcionários da prefeitura de Tuntum que receberam supersalários com recursos oriundos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica – Fundeb. Além dele, sua irmã, Maria Geania Fernandes Rego Campos, e ainda Diego de Araújo Castro, também aparecem na lista.
Segundo a lista divulgada pela Folha do Maranhão, os irmãos Gilvan Rego e Maria Rego, donos de supermercado e uma empresa metalúrgica de Presidente Dutra, no Maranhão, receberam o salário de R$ 27 mil cada. Diego de Araújo Castro, também de Presidente Dutra, do ramo de pneus, recebeu pagamento em folha da educação o valor 13.422,36.
A Folha do Maranhão tentou contato com os irmãos, Gilvan Rego e Maria Geania Rego, além da Prefeitura de Tuntum para esclarecer a situação narradas nos áudios, mas até o fechamento desta matéria nenhuma das partes se manifestaram sobre o caso.