Como o blog Joerdson Rodrigues já havia antecipado, a vice-prefeita de Igarapé Grande, Maria Etelvina Sampaio, assumiu o comando interino do município na manhã desta quarta-feira (9). A posse, no entanto, não celebra uma transição democrática rotineira, mas sim o afastamento de um prefeito que confessou um crime brutal e, ainda assim, manterá seus privilégios pagos com dinheiro público.
O agora prefeito licenciado, João Vitor Xavier (PDT), protocolou um pedido de afastamento por 125 dias, que foi prontamente aprovado pela Câmara Municipal. A justificativa oficial é de “abalo emocional e necessidade de tratamento médico”. O motivo desse abalo, contudo, é estarrecedor: ele admitiu à Polícia Civil ser o autor dos disparos que tiraram a vida do policial militar Geidson Thiago da Silva dos Santos, durante uma festa de vaquejada no último domingo (6), em Trizidela do Vale.
Enquanto se dedica à sua defesa jurídica e cuida de seu “abalo”, João Vitor continuará a receber integralmente seu salário de prefeito, um valor líquido de R$ 13.256,08 (treze mil duzentos e cinquenta e seis reais e oito centavos) mensais. A decisão de manter o pagamento a um réu confesso de homicídio levanta um sério questionamento sobre a moralidade e a justiça do sistema para com os cidadãos que financiam tais privilégios.
Enquanto o salário do prefeito está garantido, sua prisão é uma incógnita. O delegado responsável pelo caso, Márcio Coutinho, agiu rapidamente e solicitou a prisão preventiva do gestor. Contudo, o processo esbarrou nos corredores do poder.
Por ter foro por prerrogativa de função (o popular “foro privilegiado”), o pedido de prisão não pôde ser decidido por um juiz de primeira instância, sendo encaminhado diretamente ao Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA). Lá, o desembargador Jorge Rachid identificou um “erro na tramitação” e, em vez de decidir sobre a prisão, determinou a redistribuição do processo a outra Câmara Criminal. Na prática, isso significa mais tempo e burocracia para decidir sobre a detenção de um homem que confessou ter matado um policial.
A população de Igarapé Grande agora é governada interinamente por Maria Etelvina, enquanto acompanha, perplexa, o desenrolar de um caso que mistura poder, violência e um sistema judicial que, para muitos, parece lento e complacente quando o réu ocupa um cargo político.

