Elieane em reunião com alguns prefeitos

Sem luz no fim do túnel, Eliziane Gama busca sobrevida política bancando boca livre a prefeitos

O cenário político para a senadora Eliziane Gama (PSD) se desenha cada vez mais sombrio. Isolada do grupo que comanda o Palácio dos Leões e vendo suas bases eleitorais se esvaírem, a parlamentar iniciou uma corrida contra o tempo para tentar garantir sua sobrevivência política e viabilizar uma candidatura à reeleição em 2026. A mais recente cartada foi um café da manhã, na manhã desta segunda-feira (14), em sua residência, com um grupo restrito de prefeitos, numa tentativa de construir um palanque municipalista.

Em uma manobra de marketing político, a equipe da senadora prontamente divulgou um vídeo em suas redes sociais, afirmando ter assegurado o apoio de todos os gestores presentes. Contudo, a realidade se mostrou menos favorável. O blog Joerdson Rodrigues apurou com um dos prefeitos que participaram do encontro que a história não é bem assim. Em condição de anonimato, o gestor negou veementemente ter fechado qualquer compromisso. “Ainda temos muito o que conversar com nossos grupos políticos, tanto na cidade quanto na região. Foi um encontro inicial, mas longe de ser uma definição”, confidenciou.

A dificuldade de Eliziane em angariar apoios sólidos entre os prefeitos é um reflexo direto de seu distanciamento do governo de Carlos Brandão (PSB). Sem espaço na máquina estadual e vendo o próprio governador despontar como um dos favoritos para uma das duas vagas no Senado em 2026, segundo pesquisas recentes, a senadora se vê obrigada a traçar um caminho independente e espinhoso.

Fontes palacianas indicam que o projeto de reeleição de Gama não encontra eco no grupo governista, que deve marchar com outros nomes. Essa exclusão força a senadora a buscar alternativas, inclusive flertando com o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. A aproximação, no entanto, é vista com desconfiança por ambos os lados. Para o PL e seu eleitorado, a imagem de Eliziane ainda está fortemente atrelada à sua atuação na CPI da Covid e à sua proximidade com o governo Lula, do qual se tornou uma aliada.

Este é, talvez, o maior paradoxo da trajetória recente de Eliziane Gama. Evangélica, ela viu ruir sua ponte com o eleitorado mais conservador e religioso, que não perdoa sua aliança com a esquerda e sua postura em pautas nacionais. A nota de repúdio emitida pela Assembleia de Deus no Maranhão, em 2022, após seu apoio a Lula, foi um golpe duro e que deixou marcas profundas. Hoje, ela é vista com repúdio por uma parcela significativa do segmento que um dia a projetou.

Enquanto os prefeitos aguardam um aceno mais claro do Palácio dos Leões para definir quem apoiarão para o Senado, Eliziane Gama se movimenta em um campo minado. Sem o apoio da máquina estadual, com a base evangélica fraturada e com uma aliança incerta com o campo da direita, a senadora tenta, em encontros e articulações de bastidores, reverter um quadro que, a cada dia, parece mais adverso. O café da manhã com prefeitos pode ter servido para uma foto, mas a substância política para um projeto de reeleição continua sendo um prato indigesto.

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