Em ano que antecede o pleito eleitoral de 2026, a movimentação política se intensifica, e com ela, o olhar público sobre a administração municipal deve ser redobrado. Em Barão de Grajaú, o prefeito Gleydson Rezende tem dedicado parte de sua agenda a incursões pelo estado, atuando como pré-candidato a deputado estadual – um movimento legítimo dentro do jogo político. Contudo, é no âmbito da gestão financeira do município que a atenção se volta, com a explosão dos gastos com terceirização de mão de obra, um fenômeno que merece análise detalhada e cautelosa.
Um dos pontos que chama a atenção na administração de Barão de Grajaú é a contratação do Instituto Construir. Em um período de apenas sete meses, a entidade já recebeu dos cofres públicos um montante que se aproxima dos R$ 4,5 milhões.
Embora a terceirização seja uma ferramenta legal e utilizada na gestão pública para suprir necessidades de pessoal e serviços, a magnitude e a rápida evolução desses valores, especialmente em um contexto de intensa atividade pré-eleitoral do chefe do executivo, levantam questionamentos sobre a estrita necessidade e a eficiência econômica de tais contratações.
A crítica se aprofunda ao considerar o papel da terceirização no contexto municipal. Conforme observações, a contratação de mão de obra por meio de institutos ou empresas pode, na prática, servir como uma estrutura intermediária nos gastos com pessoal.
Essa modalidade contratual, por sua natureza, dificulta a identificação direta do destino final dos recursos e a fiscalização individual dos contratados, tornando mais complexo o trabalho de auditoria e de controle social. Isso não implica em ilegalidade automática, mas sim na necessidade de uma transparência reforçada e de mecanismos de controle interno e externo mais robustos.
A dificuldade em rastrear o vínculo empregatício direto entre o município e o prestador de serviço final, por exemplo, pode criar um ambiente de menor visibilidade para eventuais práticas questionáveis. A discussão se concentra, portanto, na transparência e rastreabilidade dos gastos públicos.
Enquanto a prefeitura de Barão de Grajaú registra um aumento significativo nos valores destinados a contratos de terceirização, o município, segundo relatos, vive uma “sensação de abandono”.
Este contraste entre a projeção política do prefeito Gleydson Rezende em âmbito estadual e a percepção de desassistência na esfera municipal, acompanhada pela escalada dos gastos terceirizados, impõe um desafio à gestão: justificar a prioridade e a eficácia desses investimentos milionários em face das carências sentidas pela população. A comunidade tem o direito de saber se os vultuosos recursos estão se convertendo em serviços públicos de qualidade e melhorias concretas para a cidade.
É fundamental sublinhar que, até o momento, as informações apontam para um alerta sobre a gestão dos recursos públicos e a transparência. A legalidade dos contratos firmados com o Instituto Construir não está em questão neste momento, mas sim a conveniência administrativa e a ética na aplicação do dinheiro público.
Qualquer insinuação de que vagas de emprego seriam negociadas por apoio político em 2026 encontra uma barreira na própria estrutura da terceirização, o que torna a investigação de tais práticas, se existentes, extremamente complexa. Por isso, a sociedade e os órgãos de controle, como o Ministério Público e o Tribunal de Contas, precisam manter o foco e exigir documentação completa e detalhada que justifique o volume e a finalidade de cada centavo gasto nesse contexto.
A administração pública deve ser guiada pelos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. A transparência não é uma opção, mas uma obrigação, especialmente quando se lida com cifras tão expressivas em um cenário pré-eleitoral.
