O drama da engenheira elétrica Paula Thereza Portela Gewehr ganhou um novo capítulo nesta quinta-feira (20), reacendendo o debate sobre a decisão do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ-MA) que concedeu parcialmente a guarda de sua filha, Aurora, de apenas 2 anos e 8 meses, ao pai, João Felipe M. Demito. Acusado de violência psicológica e com um suposto diagnóstico de psicopatia apontado por um psiquiatra da própria família, João Felipe agora divide a guarda da menina, uma medida que tem gerado revolta e questionamentos sobre a segurança da criança e da mãe.
A história, publicada ontem (19) aqui no blog Joerdson Rodrigues sob o título “Justiça do Maranhão entrega guarda de filha a pai acusado de violência doméstica e abusos psicológicos contra ex-companheira” Justiça do Maranhão entrega guarda de filha a pai acusado de violência doméstica e abusos psicológicos contra ex-companheira, expôs o sofrimento de Paula, que vive um pesadelo desde a separação de João Felipe. Nos vídeos gravados por ela, que circularam amplamente e emocionaram a sociedade maranhense, a mãe relata o controle abusivo que sofreu durante a relação: proibições de usar certas roupas, frequentar academia ou manter redes sociais, além de perseguições que resultaram em medidas protetivas contra o ex-companheiro.
Na manhã desta quinta-feira, 20 de março, o deputado estadual Dr. Yglésio (PRTB) subiu à tribuna da Assembleia Legislativa para criticar duramente a decisão judicial. Em um discurso emocionado, ele destacou o que considera uma “grave injustiça” do TJ-MA, que, contrariando o parecer da Procuradoria de Justiça do Estado – favorável à manutenção da guarda com a mãe –, optou por entregar a criança ao pai com base em argumentos processuais frágeis. “Estão sujeitando uma criança de dois anos e oito meses a um pai com diagnóstico de psicopatia, segundo um psiquiatra que o conhece. Isso é um absurdo, uma violência processual”, declarou o parlamentar.
Yglésio trouxe à tona um áudio revelador do psiquiatra Dr. César, que descreve João Felipe como uma pessoa “extremamente manipuladora” e com histórico de comportamentos violentos, incluindo a morte de um cachorro e ameaças a terceiros. O deputado questionou: como uma criança tão pequena pode ser entregue a alguém com esse perfil, enquanto a mãe, que a criou em um ambiente seguro em São Paulo, é penalizada? “Não há provas de que Paula seja uma mãe incapaz. Pelo contrário, ela é dedicada e tem apoio da comunidade”, reforçou.
Outro ponto levantado pelo parlamentar é a disparidade econômica. João Felipe, descrito como um homem de “muitas posses” e gestor do patrimônio familiar, paga uma pensão de apenas R$ 2.500 – valor irrisório diante de sua fortuna –, enquanto Paula, com um salário líquido de R$ 8 mil, arca com custos altos em São Paulo, como um aluguel de R$ 4 mil. “Ele tem condições de visitar a filha em São Paulo, onde possui até apartamento em Alphaville, mas prefere usá-la como instrumento de vingança contra a mãe”, acusou Yglésio.
A decisão do TJ-MA, segundo o deputado, parece ainda mais suspeita pelo fato de João Felipe ter estabelecido residência em Balsas recentemente, apenas para manter o processo no Maranhão, enquanto seus negócios estão em Araguaína (TO). “Por que não transferir o caso para São Paulo, onde a mãe vive e trabalha? Isso é no mínimo estranho”, criticou.
O caso Aurora expõe falhas preocupantes no sistema judiciário e reacende o debate sobre a proteção de vítimas de violência doméstica e seus filhos. A sociedade maranhense, sensibilizada pelo apelo de Paula, clama por justiça. “É de cortar o coração. Espero que o TJ reveja essa decisão, porque o futuro de uma criança está em jogo”, finalizou o deputado, pedindo apoio de seus colegas para dar voz à mãe.
Veja o pronunciamento do deputado
Enquanto isso, a pergunta que fica é: até quando decisões como essa colocarão em risco a segurança de mães e filhos em nome de formalidades processuais?