Pagamentos realizados a servidores fantasmas por meio da folha complementar estariam sendo desviados para o motorista da prefeita Simplesmente Maria, em um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro com envolvimento de pessoas de outros municípios.
O município de Arari, no interior do Maranhão, pode estar no centro do maior escândalo de corrupção de sua história. De acordo com uma denúncia obtida com exclusividade, a gestão da prefeita Simplesmente Maria estaria operando um sofisticado esquema de desvio de recursos públicos, que envolve servidores fantasmas, folhas complementares de pagamento e lavagem de dinheiro com auxílio de terceiros.
Segundo uma testemunha que preferiu não se identificar, o esquema foi montado de forma meticulosa: a Prefeitura de Arari realiza pagamentos regulares a pessoas que figuram como servidores, mas que na prática não exercem qualquer função. Esses supostos funcionários, muitos deles moradores de outras cidades, recebem entre R$ 7 mil e R$ 8 mil por mês através da folha de pagamento complementar.
Em uma das conversas, entre uma das pessoas que utilizava sua conta bancaria no suposto esquema, com suposto operador financeiro o mesmo pede para a beneficiaria apagar seus arquivos, o que para especialistas, seriam documentos que poderiam comprometer todo o suposto esquema criminoso.


O dinheiro, segundo a denúncia, não permanece com os beneficiários. Após o recebimento, os valores são sacados em caixas da rede Banco24Horas, sempre sob orientação de um homem apontado como motorista pessoal da prefeita.
Esse indivíduo, descrito como o operador financeiro do esquema, seria segundo a denunciante o responsável por recolher os montantes em espécie e repassá-los diretamente à gestora. A operação, que ocorre mensalmente, drena recursos dos cofres municipais de forma silenciosa e sistemática.
Só em abril deste ano a denunciante recebeu mais de R$ 14.000,00 como apontam documentos bancárias repassados a nossa redação.


Em alguns casos, segundo apurou a reportagem, os valores recebidos eram somados e posteriormente “lavados” por meio de notas fiscais falsas que simulavam a venda de gado bovino. A manobra, conhecida como lavagem de dinheiro, visa legitimar os recursos desviados, dando a eles aparência de origem legal.
Ainda segundo a testemunha, as pessoas utilizadas como laranjas para receber os pagamentos são cuidadosamente escolhidas fora do município, justamente para evitar suspeitas entre os servidores e moradores locais.
O caso será encaminhado ao Ministério Público do Maranhão (MPMA), ao GAECO – Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado e ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-MA). O esquema pode configurar corrupção ativa e passiva, peculato, falsidade ideológica, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Nossa equipe tentou contato com a prefeita Simplesmente Maria e com o motorista apontado como operador do esquema, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.
Moradores do município cobram uma investigação rigorosa e pedem que os órgãos competentes afastem imediatamente os envolvidos, para que a máquina pública de Arari volte a funcionar com transparência.