O sonho do ministro dos Esportes, André Fufuca (PP), de conquistar uma das duas vagas para o Senado Federal, parece ter encontrado um obstáculo considerável, que atende pelo nome de Pedro Lucas Fernandes (União Brasil). O recente lançamento da pré-candidatura do deputado federal pelo presidente nacional do União Brasil, Antônio Rueda, funcionou como um balde de água fria nos planos de Fufuca, expondo as complexas e, por vezes, traiçoeiras águas da política maranhense.
André Fufuca, apesar de ter sido um dos primeiros a manifestar publicamente seu desejo pela cadeira de senador, agora se vê diante de uma verdadeira montanha a ser escalada. A questão central não é apenas a sua vontade, mas a viabilidade de seu nome dentro do grupo que hoje comanda o Palácio dos Leões. E os sinais, para o ministro de Lula, não são nada animadores.
Um movimento crucial no tabuleiro político foi o da presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale (PSB), uma das vozes mais influentes do grupo brandonista. Ao declarar apoio à reeleição do senador Weverton Rocha (PDT), Iracema deixou subentendido que a primeira vaga na chapa majoritária já tem dono. Com isso, a disputa pela segunda vaga se acirra, e a preferência interna de diversas lideranças governistas recai sobre Pedro Lucas.
Para entender essa preferência, é preciso olhar para o passado recente. Durante a campanha de reeleição de Carlos Brandão em 2022, a lealdade dos aliados foi posta à prova. Pedro Lucas Fernandes apostou no projeto desde o início, apoiando o governador de forma entusiasta e sem impor condições drásticas. Foi um aliado de primeira hora.
Fufuca, por outro lado, trilhou um caminho mais tortuoso. Oriundo do grupo de oposição, sua adesão à campanha de Brandão foi fruto de intensas negociações e, segundo fontes políticas, veio “a peso de ouro”, com a imposição de uma série de condições para embarcar no projeto governista. Além disso, em 2022, o hoje ministro de Lula era um apoiador declarado e ferrenho do então presidente Jair Bolsonaro, com quem dividiu palanque e para quem pediu votos abertamente. Em contraste, Pedro Lucas se manteve firme na base de Brandão e alinhado ao então candidato Lula.
Essa diferença de postura e lealdade não foi esquecida e a fatura deve ser paga ano que vem e cria, para Fufuca, um déficit de confiança difícil de ser esquecido.
O cenário para o ministro dos Esportes se complica ainda mais dentro do seu próprio campo partidário. A pré-candidatura de Fufuca ao Senado, que já enfrenta resistências na base governista, pode ser natimorta. Uma eventual aliança com o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), por exemplo, se torna inviável, uma vez que o controle do União Brasil no Maranhão, partido com o qual o PP de Fufuca caminha em federação nacional, deve ficar nas mãos de Pedro Lucas ou de um nome totalmente alinhado ao governo Brandão.
Com o comando partidário estadual fortalecido por sua aliança com o presidente nacional Antônio Rueda, Pedro Lucas detém a “chave do cofre” da legenda no estado. Isso significa que qualquer movimento de Fufuca que contrarie os interesses e pense em trair o grupo pode ser barrado internamente, deixando o ministro sem partido para viabilizar uma candidatura competitiva por outra via.
A brincadeira, ao que tudo indica, está perto do fim para o “menino Fufuca”. O pragmatismo e a memória política do maranhense, somados à articulação e lealdade de Pedro Lucas, parecem estar selando o destino da segunda vaga ao Senado, deixando o ministro com um caminho espinhoso e poucas alternativas para realizar seu sonho em 2026.