A gestão do prefeito de Pinheiro, André da Ralpnet (Podemos), retorna ao holofotes, críticas e desconfianças. Em meio a uma crise de infraestrutura visível nas ruas e avenidas da cidade, a administração municipal tropeça mais uma vez na transparência de seus atos. O centro da polêmica é o novo contrato para a coleta de lixo e limpeza pública, um serviço essencial que consumirá mais de R$ 10 milhões dos cofres públicos e cujo processo licitatório está cercado de mistérios e nomes conhecidos nos bastidores do poder.
O imbróglio começou com o término do contrato emergencial para a coleta de lixo no último dia 20 de setembro. Desde o início de sua gestão, o prefeito André da Ralpnet tem optado por contratos emergenciais, firmados sem a devida licitação. Um deles, a dispensa de licitação nº 003/2025, no valor de R$ 2.542.231,95 (dois milhões quinhentos e quarenta e dois mil duzentos e trinta e um reais e noventa e cinco centavos), foi assinado em janeiro e prorrogado sucessivamente, com a última vigência se encerrando em 20 de setembro e levanta uma pergunda importante e intrigante: com o contrato vencido quem vai pagar essa conta até a assinatura do contrato?
A população aguardava uma solução definitiva e transparente, mas o que se viu foi um processo apressado e pouco claro. Somente no dia 29 de setembro, nove dias após o vencimento do contrato anterior, foi “adjuntado” o resultado da Concorrência Eletrônica 03/2025. O termo jurídico complexo esconde uma realidade simples: a escolha da empresa vencedora foi oficializada, mas, até o momento, não houve a publicação do contrato final, gerando um vácuo de informações.
A vencedora do certame milionário é uma velha conhecida da prefeitura: a F. W. PINHEIRO CONSTRUÇÕES E SERVICOS LTDA, que embolsará a vultosa quantia de R$ 10.047.097,36 (dez milhões quarenta e sete mil e noventa e sete reais e trinta e seis centavos) pelo serviço. A mesma empresa já detinha o contrato emergencial, o que levanta suspeitas sobre a lisura e a competitividade do processo licitatório.
O que chama ainda mais a atenção são as figuras por trás da F. W. Pinheiro. A empresa pertence ao polêmico empresário Fledson, mais conhecido como Bembem. Segundo informações apuradas pelo blog, Bembem é apontado como um braço empresarial e homem de confiança de outro nome poderoso no meio empresarial: o empresário Edinaldo Lucena.
Fontes indicam que Bembem é figura constante ao lado de Lucena, abrindo portas do escritório, dirigindo e resolvendo assuntos pessoais de Lucena, além de supostamente representar Lucena em gabinetes de prefeituras no Maranhão e no Pará e atuando como um “faz tudo” para resolver questões financeiras e pessoais do influente empresário. A estreita relação de amizade entre Edinaldo Lucena e o prefeito André da Ralpnet lança uma sombra de dúvida sobre a vitória da empresa do aliado de Lucena, o Bembem.
A questão que fica no ar e que a população de Pinheiro tem o direito de perguntar é: quem, de fato, vai gerir e lucrar com o dinheiro público destinado à limpeza da cidade? A conta, paga pelo contribuinte, parece estar sendo decidida em um jogo de cartas marcadas, onde a amizade e as conexões empresariais valem mais do que a transparência e o zelo com a coisa pública.
Enquanto a gestão André da Ralpnet demonstra descontrole e se perde em processos administrativos questionáveis, a cidade continua a sofrer com problemas básicos de infraestrutura. A população, por sua vez, segue esperando por respostas claras e, principalmente, por uma administração que governe para todos, e não apenas para os amigos do prefeito.