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A “Empresa Faz Tudo” e os quase R$ 16 milhões recebidos na gestão Walace Azevedo em Icatu

Prefeito de Icatu, Walace Azevedo (PSDB)

Uma investigação conduzida pelo blog Joerdson Rodrigues revelou um padrão preocupante nos contratos da Prefeitura de Icatu, durante a gestão do prefeito Walace Azevedo. A empresa N & K Construções Eireli – EPP se destaca por uma diversidade de contratos e um montante expressivo de recursos públicos recebidos, beirando os R$ 16 milhões nos últimos anos. Essa concentração de contratos levanta suspeitas de favorecimento e coloca em xeque a lisura dos processos licitatórios no município.

A N & K Construções, que, apesar do nome, atua em áreas diversas como limpeza urbana, locação de veículos e transporte escolar, tem sido a principal beneficiária de verbas municipais. Um levantamento minucioso dos repasses anuais à empresa aponta para valores significativos:

AnoValores Repassados
2025R$ 2.588.836,56 (dois milhões, quinhentos e oitenta e oito mil, oitocentos e trinta e seis reais e cinquenta e seis centavos)
2024R$ 4.162.800,68 (quatro milhões, cento e sessenta e dois mil, oitocentos reais e sessenta e oito centavos)
2023R$ 4.223.830,36 (quatro milhões, duzentos e vinte e três mil, oitocentos e trinta reais e trinta e seis centavos)
2022R$ 3.475.690,46 (três milhões, quatrocentos e setenta e cinco mil, seiscentos e noventa reais e quarenta e seis centavos)
2021R$ 1.436.382,70 (um milhão, quatrocentos e trinta e seis mil, trezentos e oitenta e dois reais e setenta centavos)
Total RepassadoR$ 15.887.540,76 (quinze milhões, oitocentos e oitenta e sete mil, quinhentos e quarenta reais e setenta e seis centavos)

Contratos suspeitos: prorrogações e valores constantes

A análise dos contratos e aditivos da N & K Construções revela um padrão de prorrogações sucessivas, que estendem os vínculos por vários anos, muitas vezes com os mesmos valores nos aditivos, levantando questionamentos sobre a necessidade de novas licitações para serviços que se tornam de longo prazo.

Um dos exemplos mais gritantes é o contrato de Limpeza Urbana (001.2021.030.2021), sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Administração e Finanças. Assinado originalmente em abril de 2021 por R$ 1.015.000,00, este contrato já recebeu quatro aditivos de acréscimo, cada um com o mesmo valor, estendendo sua vigência até abril de 2026. Ou seja, um contrato de um ano se transformou em uma parceria de cinco anos, com o mesmo custo anual.

Na área da Educação, a empresa também reina. O contrato de Locação de Veículos (001.2022.1423.2022), de dezembro de 2022, no valor de R$ 1.013.405,52, recebeu três aditivos, prorrogando-o semestralmente até junho de 2024. Já o contrato de Transporte Escolar (002.2021.1078.2021), assinado em outubro de 2021 por R$ 4.786.782,00, teve um aditivo de acréscimo que manteve o valor e prorrogou a vigência até abril de 2023.

O que os números dizem?

A consistência dos valores nos aditivos é um ponto crucial. Para a limpeza urbana, a manutenção do valor de R$ 1.015.000,00 por ano, através de sucessivas prorrogações, sugere que o custo anual do serviço permaneceu inalterado, o que é atípico em um cenário de inflação e reajustes de mercado. Similarmente, nos contratos de locação de veículos e transporte escolar, os valores dos aditivos se mantêm próximos ou idênticos aos originais, indicando uma continuidade no escopo e custo dos serviços.

Essa “diversidade de serviços” oferecidos pela N & K Construções, que vai muito além da construção civil, para áreas como logística e terceirização, pode levantar um alerta. Será que uma única empresa, com atuação tão abrangente, está realmente sendo a mais vantajosa em todas as licitações, ou há um favorecimento nas contratações da Prefeitura de Icatu?

O padrão de contratos e aditivos demonstra uma relação de longo prazo e estabilidade entre a gestão municipal e a N & K Construções. No entanto, é fundamental que órgãos de controle e a população de Icatu questionem se essas prorrogações e aditivos estão dentro dos limites legais estabelecidos pelas leis de licitações e contratos, como a Lei nº 8.666/93 e a nova Lei nº 14.133/21. A transparência nos gastos públicos é um direito de todos, e a concentração de tantos recursos em uma única empresa merece uma investigação aprofundada.

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